Por Josciene Santos
Com um cigarro na boca, roupa vermelha e sensual e expressão de desejo, Ninfa Cunha e seu parceiro e coreógrafo Déo Carvalho mostrou à platéia do II Circuito de Deficientes Sobre Rodas que deficiente também tem vícios e vida sexual। “Eu não sou exemplo para ninguém। Eu não quero ser। Sou uma pessoa como qualquer outra e faço tudo o que todos fazem। E quando estou no palco, eu não estou ali para expor minha deficiência ou para que me vejam como exemplo de superação ou de vida। Estou ali como uma artista, mostrando meu trabalho”, desabafou Ninfa।
Ninfa e seu parceiro, além de outros grupos artísticos, se apresentaram no Dique do Tororó logo após o fim da competição dos atletas, mediante um cachê, segundo ela satisfatório. Ela conta que, apesar do campo para apresentação de dança com deficientes estar crescendo, é um progresso lento. “Muitos lugares e eventos entram em contato conosco para que façamos apresentações. Mas são raros os casos em continuam a conversa quando informamos que cobramos uma remuneração. A impressão que tenho é que eles consideram um favor, um ato social louvável abrir espaço para que um deficiente mostre seu trabalho. E não é isso. Nós somos artistas como qualquer outro. E merecemos poder sobreviver de nosso trabalho”, contou. Mas isso ainda não acontece. Cunha complementa sua renda através de um trabalho numa ONG para o qual foi encaminhado através da ABADEF.
O grupo RODART, que tem apenas Ninfa e Déo Carvalho como membros ativos, nem mesmo pode contar com patrocínio oficial, pois não faz parte da ABADE ou de nenhuma associação, pois o tipo de dança que executam não podem concorrer como dança esportiva. É uma dança contemporânea. “Eu não gosto de dança milimetricamente formalizada, enquadrada, rígida. Eu e Déo trabalhamos muito com temas do cotidiano e com tabus. Falar da sexualidade dos deficientes, de gravidez, etc ainda é um tabu. E nós transformamos isso em dança. Eu acredito que para dançar, tem que mexer aqui dentro do coração. E nós buscamos passar para a platéia um sentimento que não seja pena. Nós buscamos provocar o publico”.
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